Antes de ser uma festa cristã, Pentecostes era uma celebração judaica particularmente sentida dentro do antigo calendário religioso judeu. Sete semanas depois da festa dos pães ázimos, isto é, da Páscoa, ocorria em Israel a festa das Semanas ou a festa das Primícias (em hebraico, respectivamente, Shabuot e Bikurim).
Essa festa tinha como objeto a ação de graças do povo em virtude da colheita do trigo e, para marcar esse momento, fazia-se no Templo a oferta das primícias a Deus, isto é, os primeiros frutos da terra, simbolizados na entrega de um primeiro feixe colhido no campo.
Era, portanto, uma festa inicialmente de caráter agrícola (cf. Ex, 23, 14; Nm 28, 26) onde se agradecia a generosidade de Deus pelos dons da colheita.
Por ser o qüinquagésimo dia – na antiguidade o primeiro e o último dia de um tempo festivo eram contados como um único dia – a festa foi chamada de Pentecostes, isto é, do grego qüinquagésimo (dia).
Era uma festa alegre e que posteriormente foi associada à recordação da conclusão da Aliança no Sinai e à entrega da Lei, oferta generosa de Deus, por meio de Moisés ao Povo eleito (cf. 2 Cr 15, 10-13).
Juntamente com a Páscoa, era uma das grandes festas de peregrinação para Israel (cf. At 20, 16) e à qual todo judeu piedoso era chamado a participar: “Achavam-se então em Jerusalém judeus piedosos, vindos de todas as nações que há debaixo do céu” (At 2, 5).
Além do sentido de gratidão pelas primícias e pela entrega da Lei, havia outros aspectos muito interessantes dentro dessa festa do Antigo Testamento. Fílon de Alexandria, por exemplo, nos faz saber que o número cinquenta tinha um significado especial para os judeus, pois remetia diretamente ao fato do jubileu, isto é, à remissão que a cada cinqüenta anos os judeus deveriam fazer em relação às dívidas e à libertação dos escravos (Lv 25, 10).
De fato, um pouco mais tarde, os Padres da Igreja também tirariam proveito desse simbolismo, ao associarem o número cinqüenta ao perdão dos pecados: “Alguns dizem que este número cinqüenta é símbolo da esperança e da remissão que ocorre em Pentecostes” - dizia Clemente de Alexandria (Stromata, VI, 11).
“Recebei o Espírito Santo.” (Jo 20, 22s)
Receber o Espírito de Deus significa estar aberto não só a Deus, mas também ao próximo; significa concretamente abrir mão da própria individualidade para ir em direção ao outro, significa “anunciar as maravilhas de Deus” (At 2, 11), o Evangelho eterno (cf. Ap 14, 6), feito não só de palavras, mas de gestos concretos; significa saber discernir os tempos e os momentos; significa saber escutar a voz delicada e interior desse Espírito que geme dentro de nós e nos faz proclamar que “Jesus é o Senhor!”. (1 Cor 12, 3).
(Adaptado por Pe. Antônio)
domingo, 12 de junho de 2011
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