Em nossos dias vivemos uma grande crise de humanidade, onde podemos ver que as pessoas estão muitas vezes mais interessadas em adotar ou salvar um animal do que uma criança ou do que conviver com uma pessoa. Pude ver até mesmo uma reportagem onde um casal resolveu adotar uma cadela para não ter filhos. Tratavam a mesma como membro da família.
Morando na Europa pude presenciar muito isso. Cheguei a ter um vizinho no prédio onde morava que quando queria dizer alguma coisa à esposa e vice-versa falava com o cachorro pois não conseguiam falar mais entre si. De outro lado, encontramos cada vez mais as pessoas interessadas em por fim à vida do nascituro ainda no ventre da mãe, a crescente agressão contra as crianças e um desprezo cada vez maior pela vida humana. Parece que o homem está cada vez mais tendo medo do próprio homem.
Nestes momentos é que a humanidade precisa ainda mais da Misericórdia de Deus. O homem precisa entender que quando Deus o criou, criou-o para que ele pudesse conviver com alguém a ele semelhante criando inclusive uma pessoa do outro sexo que lhe fosse complementar de modo a estimular a convivência humana. Esta convivência com o outro se faz necessária pois é por meio dela que vamos sendo formados, é por meio dela que Deus vai trabalhando em nós, vai podando em nós aquilo que possa estar demasiado em nossa natureza. Na Dives in Misericordia o Papa João Paulo II diz que Cristo revela o homem plenamente a si mesmo. Por isso, pela ausência de Deus na vida do mundo, na vida das pessoas estamos experimentando uma crise de humanidade.
Posso dizer que somente por ter Jesus no centro da minha vida e por estar experimentando diariamente a sua Misericórdia em minha vida é que tenho me tornado uma pessoa humana melhor. Observando a maneira de Jesus tratar as pessoas no seu tempo, a forma de se colocar diante delas e diante dos problemas e das situações tenho encontrado forças para superar os limites da minha pobre natureza humana, que não são poucos. Inclusive vivendo este processo tenho experimentado curas profundas em todas as áreas da minha vida e tenho percebido a Misericórdia de Deus me comunicar uma força interior extraordinária que jamais havia experimentado em minha vida levando incluive a encarar e a me esforçar por administrar os problemas quando antes simplesmente preferia protelar os mesmos.
Sinto que a convivência com o outro, sobretudo quando este outro é diametralmente oposto aquilo que sou é um desafio constante, e uma luta. Mas sinto também interiormente que não posso fugir desta realidade: fugir do outro seria fugir de mim mesmo. Além do mais quando Jesus Misericordioso fala com Santa Faustina que eu devo procurar praticar a Misericórdia para com o próximo (Diário 742) ele o está falando em relação às pessoas e não em relação a animais de estimação que jamais me contrariam, que jamais são um desafio para mim. Daí precisarmos pedir a Deus a graça de encararmos o desafio da convivência humana e pedir a ele a graça de sermos e vivermos a Misericórdia com aqueles que ele coloca em meu caminho.
Deus o abençoe.
Pe. Antônio Aguiar