Na passada sexta-feira pude participar de um Retiro destinado aos sacerdotes pregado por Dom Taveira na Comunidade Bom Pastor do Rio de Janeiro. Foi um forte momento de encontro com o Espírito Santo onde Deus me falou fortemente ao coração. Foi me passando diante dos olhos o momento em que o soldado pegou da lança e rasgou Coração de Jesus e dele saiu sangue e água. Naquele exato momento me lembrei de vários pensamentos dos Padres da Igreja sobre esse assunto como:
“Se Adão foi figura de Cristo, o sono de Adão foi também figura do sono de Cristo, dormindo na morte sobre a Cruz, para que, pela abertura do seu lado, se formasse a verdadeira mãe dos vivos, isto é a Igreja” (PL t. II, col.767). (Tertuliano)
“A lança do soldado abriu o lado de Cristo e foi neste momento que, de seu lado aberto, Cristo construiu a Igreja, como outrora a primeira mãe, Eva, foi formada de Adão".(São João Crisóstomo)
“Adão dorme para que nasça Eva. Cristo morre para que nasça a Igreja. Enquanto Adão dorme, Eva se forma do seu lado. Quando Cristo acaba de morrer, seu lado é aberto por uma lança, para que dali corram os sacramentos para formar a Igreja” (Santo Agostinho - Tractatus in Joannem, X, cap II, n.10).
Foi-me dado o entendimento de que ao permitir que seu Coração fosse aberto pela lança, Jesus na verdade estava convidando todo homem e toda mulher a entrar em comunhão com ele, aquela mesma comunhão que havia entre o homem e Deus no paraíso e fora destruída pelo pecado. Restaurar esta comunhão é o motivo pelo qual Jesus derramou a sua Misericórdia sobre a humanidade, é o motivo pelo qual Jesus quis que a Igreja nascesse do seu lado aberto, já que a Igreja é sacramento de comunhão.
Cristo pela cruz restaurou a comunhão entre Deus e o homem, entre o homem e Deus. E a busca da restauração desta comunhão a cada dia é uma tarefa da Misericórdia já que a mesma, quer por meio do sacramento da confissão restaura em nós a comunhão com Deus que o pecado rompera em nós, quer pela prática das obras de misericórdia que restauram a comunhão entre mim e o irmão. Enfim, ainda estou ruminando esta grande graça para poder traduzí-la pra todos.
Pe. Antônio Aguiar